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terça-feira, 22 de maio de 2012

Para compreender alguma coisa você deve viver com ela...




Para compreender alguma coisa você tem que viver com ela, observá-la, tem que conhecer todo seu conteúdo, sua natureza, sua estrutura, seu movimento. Você já tentou viver com você mesmo? Se já, começará a ver que você não é um estado estático, é uma coisa viva, fresca. E para viver com uma coisa viva, sua mente tem que estar viva também. E ela não pode estar viva se está presa em opiniões, julgamentos e valores.

A fim de observar o próprio movimento de sua mente e coração, de todo o seu ser, você tem que ter uma mente livre, não uma mente que concorda e discorda, tomando posições, disputando por simples palavras, mas antes acompanhar com a intenção de compreender – uma coisa muito difícil de fazer porque a maioria de nós não sabe como olhar, ou como ouvir ao nosso próprio ser, como não sabemos como olhar para a beleza de um rio ou ouvir a brisa entre as árvores. Quando condenamos ou justificamos não podemos ver claramente nem podemos quando nossas mentes estão tagarelando sem parar; então não observamos o que é, apenas vemos as projeções que nós mesmos fizemos.

Cada um de nós tem uma imagem do que pensamos que somos ou que devíamos ser, e essa imagem, esse quadro, nos impede inteiramente de vermos como somos realmente. É uma das coisas mais difíceis no mundo olhar para alguma coisa simplesmente. Porque nossas mentes são muito complexas, perdemos a qualidade da simplicidade. Não estou falando de simplicidade em roupas ou alimentos, vestir apenas uma tanga ou quebrar um recorde de jejum ou alguma dessas tolices infantis que os santos cultivam, mas a simplicidade que pode olhar diretamente para as coisas sem medo – que pode olhar para nós mesmos como de fato somos, sem qualquer distorção - dizer quando mentimos, mentimos, não disfarçar e fugir disso. Também para nos compreendermos precisamos de muita humildade.

Se você começa dizendo, “Eu me conheço”, já deixou de aprender sobre você mesmo; ou se você diz, “Não há nada mais a aprender sobre mim pois sou um feixe de memórias, ideias, experiências e tradições”, aí também você parou de aprender sobre si mesmo. No momento em que você adquire alguma coisa deixa de ter aquela qualidade de inocência e humildade; no momento em que você tem uma conclusão ou começa a examinar a partir do conhecimento, está acabado, porque então você está traduzindo toda coisa nova em termos do antigo. Ao passo que se você não tiver base, se não houver certeza, nem realização, há liberdade para olhar, para realizar. E quando você olha com liberdade é sempre novo. Um homem seguro é um ser humano morto.

Autoria: J. Krishnamurti

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