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domingo, 27 de maio de 2012

Os 7 princípios de Leonardo Da Vinci...




CORPO, MENTE E ESPÍRITO...

Incansável pesquisador da natureza e da alma humana, Leonardo também foi pioneiro ao perceber a integração de mente, corpo e espírito. Para o consultor americano Michael J. Gelb, certas características da obra de Leonardo – como o equilíbrio entre arte e ciência e o cultivo da percepção e das sensações - suscitam questões universais e oferecem respostas para buscas actuais - por exemplo, o sentido da vida e o caminho espiritual. E o que ele explica no livro Da Vinci Descodificado - Descobrindo os Segredos Espirituais dos Sete Princípios de Leonardo (ed. Bertrand Brasil), sucessor de Aprenda a Pensar com Leonardo Da Vinci, de 1998.


Gelb identifica na vida e na obra do mestre lições para compreender o potencial humano. Estabelecendo relações de sete princípios davincianos com conhecimentos e filosofias - como budismo, taoismo, filosofia grega, cabala e rituais sagrados dos dervixes da Turquia, só para citar alguns -, ele transforma cada princípio em chaves para alcançarmos uma vida plena. Veja o que cada um dos sete preceitos de Leonardo tem a oferecer para o século 21. O código está na tela.

Leonardo da Vinci foi perseguido, processado e alvo de maledicência pelos mais diversos motivos (como as pesquisas com cadáveres e a relação com os jovens aprendizes). E também acusado de heresia por supostamente incluir símbolos pagãos e alegorias ocultas nas telas com motivos bíblicos, como Última Ceia e Virgem dos Rochedos. Os mistérios envolvendo suas criações desempenham um papel fundamental na trama de O Código Da Vinci (ed. Sextante), do americano Dan Brown, que chegou às telas no aguardado filme, com Tom Hanks, Audrey Tatou, Jean Reno e Alfred Molina. O enredo fala de uma conspiração para revelar um segredo protegido por uma sociedade secreta durante milênios: o casamento de Maria Madalena e Jesus Cristo. O grão-mestre dessa sociedade guardiã, na Renascença, teria sido Leonardo. Por isso, ele teria recheado suas pinturas com simbologias enigmáticas e alusivas ao amor entre Madalena e Jesus, conforme está em O Código Da Vinci.

AS SETE CHAVES DE DA VINCI...

1- BUSQUE A VERDADE (CURIOSITÀ) Na busca de compreender a origem da vida e os mistérios da criação, Leonardo estudou incansavelmente o corpo humano. Exemplar da curiosidade do artista, seu desenho do embrião humano foi a primeira representação do tema. Ele mostra como todos nascemos com o desejo de saber e buscar a verdade. No livro, Gelb afirma: cada criança nasce com um potencial de genialidade, que, na maior parte dos casos, é perdido gradativamente ao longo dos anos. No livro, o consultor salienta que um dos passos para resgatar essa semente original é se tornar de novo uma criança, procurando observar o mundo e os outros com o olhar infantil da inocência, do não-julgamento e do interesse a respeito da vida.


2- ASSUMA A RESPONSABILIDADE (DIMOSTRAZIONE) Leonardo ajudou a construir uma visão de mundo original, baseada na observação e na experiência. Numa época em que prevaleciam o obscurantismo e os dogmas impostos pela Igreja, o artista sofreu inúmeras acusações. Porém nunca perdeu a coragem de persistir em suas pesquisas, considerando-se responsável por seus próprios julgamentos e procurando libertar- se de idéias e opiniões preconcebidas. “A maior ilusão que acomete o homem vem de suas próprias opiniões”, escreveu em seus cadernos. Ao cultivar o princípio da demonstração, ele mostrava que somos responsáveis por nossos atos, pensamentos e intenções. Ou seja, quando nos tornamos artífices dos resultados de nossa vida, fazemos escolhas mais sábias.

3- AGUCE A PERCEPÇÃO (SENSAZIONE) Podemos desenvolver a percepção refinando os sentidos, como fez Leonardo. Assim ele viu coisas que ninguém mais era capaz de ver, como os detalhes dos movimentos de um pássaro e as nuances da luz do pôr-do-sol, que reproduziu em seus quadros. Para isso, alimentou sua sensibilidade perceptiva: trabalhava ao som de boa música, apreciava a textura dos tecidos finos, criou sua própria colônia (feita de lavanda e água de rosas) e se cercava de elegância e beleza. Fazia tudo isso não só para gozar tais prazeres, mas porque acreditava que “os sentidos são os sacerdotes da alma”, conforme escreveu. Para elevar a sensazione ao nível espiritual, é preciso despertar nosso olhar interior, ficar atento ao momento presente e sentir a alma de cada criatura viva, enxergando em cada uma delas a obra do Criador, como fez Da Vinci.

4- ENFRENTE A SOMBRA (SFUMATO) Essa palavra, derivada do latim fumus, descreve a qualidade brumosa e misteriosa das pinturas de Leonardo – e o melhor exemplo é a Mona Lisa. O efeito era complementado por outra técnica criada por ele: o chiaroscuro, o dramático contraponto de luz e sombra. Em muitas de suas obras, as figuras emergem da escuridão para a luz, da mesma forma que o artista representava o lado negro da natureza humana – inclusive o seu próprio. No século 20, o psicólogo suíço Carl Jung referiu-se a esse lado escuro como a sombra, enfatizando que, ao reprimi-la ou negá-la, só aumentamos seu poder. Como ela é inconsciente, para canalizar sua energia em direcções positivas, diz Gelb, precisamos reconhecer o que projetamos sobre outras pessoas e começar a reconhecer as manifestações de juízos exageradamente negativos sobre os outros, os sentimentos de inveja ou superioridade e as ações movidas pelo impulso cego.

5-CULTIVE O EQUILÍBRIO (ARTE/SCIENZA) O que faz de Mona Lisa uma pintura tão fascinante? Um dos fatores é, certamente, o feito de Leonardo conciliar arte e ciência, a habilidade técnica e o conhecimento da anatomia com a fantasia de criador. Dono de uma arguta mente científica, interessado em física, química e matemática, ele aconselhava seus estudantes a contemplar formas abstratas, como nuvens e fumaça, como um estímulo à imaginação. O ar ambíguo de Mona Lisa a tornou um símbolo universal da representação do equilíbrio entre masculino e feminino, luz e sombra, energia yin (ativa e assertiva) e yang (passiva e receptiva). Segundo Michael Gelb, é um modelo de comportamento que significa saber discernir os momentos em que devemos ser pacientes e receptivos ou impetuosos e empreendedores.

6- ALIMENTE A INTEGRAÇÃO (CORPORALITÀ) A famosa ilustração de Leonardo chamada Homem Vitruviano (um corpo nu de braços e pernas abertos, circunscrito em um quadrado e um círculo) se tornou um símbolo universal da integração de mente, corpo e espírito. Apesar da busca pela beleza, em seus estudos de anatomia o artista procurou entender os segredos do corpo e, assim, alcançou uma nova compreensão da saúde e da cura. Entendimento que é quase uma profecia da abordagem holística (de holos, “todo” em grego) da medicina atual. “Os antigos chamavam o homem de microcosmo”, escreveu da Vinci, “e com certeza o termo foi bem escolhido.” Tanto que ele aconselhava: “Aquele que deseja manter-se em boa saúde deve evitar estados de espírito soturnos e manter a mente alegre”. Leonardo cultivava esse viés holístico em seus estudos, sempre procurando estabelecer conexões e compreender a relação entre as partes no todo. Por isso, em seu livro, Gelb nos convida a entender o corpo não só como um templo do espírito mas como um sistema de energia, cujo fluxo deve estar em harmonia com o do mundo ao redor.

7- PRATIQUE O AMOR (CONNESSIONE) Em inúmeras pinturas de Leonardo, especialmente as Madonas, transparece a intenção de retratar a face do amor divino. Para ele, o amor era a força por meio da qual se conectava a todo o resto. Tanto que escreveu: “O amor por si só me recorda de que é somente o amor que me faz consciente”. Em seus quadros, ao retratar com precisão a natureza, ele revelava seu amor pelas criações de Deus. Embora tenha se baseado em observações e análise científicas, e não em filosofia religiosa, a intuição de Leonardo sobre o padrão que liga tudo também se reflete na sabedoria espiritual universal. Por isso, sua lição é aprimorar conscientemente nossa conexão com algo maior que nós, todos os dias, por meio da prática do amor e de virtudes como gentileza, perdão, compaixão e caridade. Assim, disse Leonardo, “a virtude é nosso verdadeiro bem e a verdadeira recompensa daquele que a possui. Ela encontra abrigo em um coração nobre, assim como os pássaros nos galhos floridos das árvores”.

(A.D.)

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