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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Pensamentos...

 
 
 
 
“Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos, a escrita. E deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não tanto a integridade da experiência que nos propusemos transmitir,.mas uma sombra, ao menos, do que no fundo do nosso espírito sabemos bem ser intraduzível, por exemplo, a emoção pura de um encontro, o deslumbramento de uma descoberta, palavra que vai ficar na memória como o rasto de um sonho que o tempo não apagará por completo.”

“Muito universo, muito espaço sideral, mas o mundo é mesmo uma aldeia.”

“A expressão vocabular humana não sabe ainda e provavelmente não o saberá nunca, conhecer, reconhecer e comunicar tudo quanto é humanamente experimentável e sensível.”

“Penso que estamos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem.” Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.

“Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir.”

“Acho que na sociedade atual nos falta filosofia. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem idéias, não vamos a parte nenhuma.”

“Falamos muito ao longo destes últimos anos dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional.”

“O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental, que consiste em estar no mundo e não ver o mundo ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses.”

“Temos que acreditar nalguma coisa e, sobretudo, temos de ter um sentimento de responsabilidade coletiva, segundo o qual cada um de nós será responsável por todos os outros.”

“A prioridade absoluta tem de ser o ser humano. Acima dessa não reconheço nenhuma outra prioridade.”

“Estou convencido de que é preciso continuar a dizer não, mesmo que se trate de uma voz pregando no deserto.”

“Esta gente quer me matar de amor!”

“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe.”

“A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.”

“Fugir da morte pode tornar-se num modo de fugir da vida.”

“O homem é o único animal capaz de chorar. E de sorrir. É diante do mar que o riso e a lágrima assumem uma importância absoluta.”

“Dir-se-á que mais profundamente a assumiriam diante do universo, mas esse, digo eu, está demasiado longe, fora do alcance duma compreensão comum.”

“O mar é o universo perto de nós.”

“A vida é como uma vela que vai ardendo, quando chega ao fim lança uma chama mais forte antes de se extinguir. Creio que estou no período da última chama, afirma Saramago diante das crescentes limitações impostas pela saúde frágil.”

“Enganadora é sim a luz do dia, faz da vida uma sombra apenas recortada, só a noite é lúcida, porém o sono a vence, talvez para nosso sossego e descanso, paz à alma dos vivos, o espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas do espírito.”

“Se tens um coração de ferro, bom proveito. 
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”

“Tentei não fazer nada na vida que envergonhasse a criança que fui.”

“Quando me for deste mundo, partirão duas pessoas. 
Sairei, de mão dada, com essa criança que fui”.


Autoria: José Saramago

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