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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Paternidade...




 

A paternidade é um oficio na vida que passa de pai para filho e é, em essência, uma doação temporária de orientação e proteção que após um breve período deve cessar e deixar o objeto de sua atenção livre para avançar sozinho. É preciso ter em mente que a criança, que está sob nossa guarda temporária, pode ser uma alma muito maior e mais antiga do que a nossa, bem como pode ser espiritualmente superior a nós. Assim, o controle e a proteção devem se restringir as necessidades da jovem personalidade.

A paternidade é um dever sagrado, de características temporárias e que passa de geração a geração. É apenas um serviço e não exige em troca qualquer obrigação por parte da criança, uma vez que ela precisa ser deixada livre para seguir seu próprio caminho e ajustar-se tanto quanto possível à realização da mesma tarefa alguns anos depois. Assim os pais não devem impor restrições, obrigações ou entraves à criança, que deve saber que a paternidade foi concedida anteriormente a seus próprios pais e que poderá ser seu dever realizar a mesma função com alguma outra pessoa.

Os pais devem particularmente se proteger de qualquer desejo de moldar a jovem personalidade de acordo com suas próprias ideias e desejos e devem refrear qualquer controle ou exigência indevida de favores em troca de seu dever natural e privilégio divino de serem o instrumento que auxilia uma alma a entrar em contato com o mundo. Qualquer desejo de controle ou de moldar a jovem vida por motivos pessoais é uma forma terrível de ambição e não deve ser nunca consentida, pois se no jovem pai ou mãe isso se enraíza, posteriormente poderão se tornar verdadeiros vampiros. O menor desejo de domínio deve ser abortado desde o início. É preciso que nos recusemos a ser escravos da ambição, que nos compele a desejar possuir os outros. Devemos alimentar em nós a arte de dar e desenvolvê-la até que, por seu sacrifício, elimine qualquer traço de ação adversa.

As crianças devem lembrar que o ofício da paternidade, como símbolo do poder criativo, é divino em sua missão, mas não exige nenhuma restrição ao desenvolvimento e nenhuma obrigação que possa dificultar a vida e o trabalho que lhes é ditado por suas próprias Almas. É impossível estimar, na atual civilização, o sofrimento indizível, as limitações à natureza das pessoas e o desenvolvimento do caráter dominador que a falta de compreensão deste fato produz. Em quase todos os lares, pais e filhos constroem para si mesmos prisões, baseados em vãos motivos e em uma concepção errónea da relação que deveriam manter. Tais prisões restringem a liberdade, limitam a vida, impedem o desenvolvimento natural e trazem infelicidade a todos os envolvidos, e as perturbações mentais, nervosas e até físicas que afligem tais pessoas constituem uma grande proporção das doenças de nosso tempo.

Nunca é demais afirmar que cada alma encarnada está aqui com o propósito específico de ganhar experiência e compreensão e aperfeiçoar sua personalidade, segundo os ideais estabelecidos pela alma. Não importa qual seja a relação entre as pessoas, se marido e mulher, pai e filho, irmão e irmã ou mestre e discípulo, pecamos contra nosso Criador e contra nossos irmãos se dificultarmos, por motivos pessoais, a evolução de qualquer outra alma. Nosso único dever é obedecer os ditames de nossa própria consciência, que, em momento nenhum, deve tolerar o domínio de outra personalidade. É preciso que cada um se lembre que sua Alma estabeleceu para ele um trabalho particular e que, a menos que realize este trabalho, mesmo não conscientemente, haverá inevitavelmente um conflito entre a Alma e a personalidade, que necessariamente irá se expressar sob a forma de doença física.

Na verdade, talvez a vocação de um indivíduo seja a de devotar sua vida a uma única pessoa, mas antes que o faça, é preciso que esteja absolutamente certo de que este é um comando de sua Alma e não apenas a sugestão de alguma outra personalidade dominante ou uma falsa ideia de dever. É preciso também que se lembre de que veio para este mundo para vencer batalhas, para ganhar forças contra aqueles que querem controlar e para atingir aquele estágio em que passamos pela vida realizando nosso dever calma e tranquilamente, sem sermos limitados ou influenciados por qualquer outro ser vivo, mas sempre orientados pela voz de nosso Eu Superior. Para muitas pessoas, a maior batalha será travada em seu próprio lar, onde, antes de alcançarem a liberdade necessária às conquistas no mundo, precisam se libertar do domínio adverso e do controle exercido por algum parente próximo.

Autoria: Edward Bach

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