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quinta-feira, 17 de março de 2011

O prazer de viver (e degustar) a vida...



Muito se fala em qualidade de vida, mas o que é realmente isso? Muita gente associa vida de qualidade com luxo, riqueza e ostentação. Mediria, então, seu nível de qualidade de vida pelos cifrões da sua conta bancária ou bens de patrimônio. Isso pode ser considerado conforto, a que todo ser humano tem direito. Nada contra, ou como diria o filósofo, muito pelo contrário. Neste tema, sempre em evidência, sobretudo na mídia e nos discursos de políticos em véspera de eleição, é importante saber que "qualidade de vida" é uma série de fatores que, integrados, permitem a você uma forma de viver e conviver valorizando aquilo que temos de mais precioso neste mundo: a própria vida e o compromisso que cada um tem, aqui e agora, para consigo mesmo e com os outros.

Mais que toda a parafernália tecnológica, para garantir (e ampliar) o prazer de viver, considero que antes de tudo o conceito de qualidade de vida está fundamentado na essência humana e no seu equilíbrio interior, desafiado a cada segundo nestes "tempos modernos". Sem nenhuma pretensão de ditar normas ou procedimentos, estou consciente de que ninguém pode estar bem se não estiver em paz consigo mesmo, do ponto de vista emocional, espiritual e, consequentemente, físico.

Na sociedade em que vivemos hoje, movida pela competitividade, neurose e hipocrisia, a vida já me ensinou que é nos pequenos frascos que estão as grandes essências. Verdade pura. Daí, direciono estas palavras de jornalista para caminhos mais amplos que estão muito mais perto das coisas divinas do que deste globo terrestre. Nada de pregar isso ou aquilo. Nada de crença ou conceitos pré-determinados. Você tem total liberdade para voar na direção que quiser, quando quiser e como quiser. Você é um ser absolutamente livre e, para muitos, esta ficha demora cair.

Dotado de inteligência, razão que o distingue dos animais irracionais, o homem nasce ambicioso e motivado a desenvolver o que esta inteligência lhe permite. Pode crescer tanto para o bem, quanto para o mal. Pode escolher o azul ou o amarelo. Pode comandar ou ser comandado. Pode voar ou permanecer no chão da sua ignorância. É uma questão de escolha. Então por que não escolher sermos felizes? Isso é possível? Claro que sim, desde que você saiba o que é felicidade. Aí entra a questão em pauta: qualidade de vida, hoje quase um produto à venda. Abusando da sua companhia nas entrelinhas desse texto, gostaria de mencionar algumas ações (ou situações) que considero qualidade de vida, sem nos furtarmos da poesia, da sensibilidade, do querer-bem e daquele compromisso de felicidade que temos conosco mesmos e com todos aqueles que nos cercam.

O universo te pertence. Podemos dizer que qualidade de vida é ter paz de espírito, receber notícias de um daqueles cinco amigos ou amigas verdadeiros, contemplar a natureza, a organização impecável e senso de coletividade das formigas e abelhas, a paz que existe nos olhos dos bichos, os pássaros que retornam ao anoitecer com absoluta precisão de horário.
É durante uma viagem você parar na rodovia e escutar o barulho das águas de um riacho, sentir o vento e as folhas chacoalhando no galho das árvores. Sentir o teu próprio respirar. É degustar o cheiro de terra molhada, animais curiosos te observando com um respeito que os humanos não demonstram mais.

É compartilhar a noite com as estrelas, a lua e tantos astros cintilantes, é seguir com os olhos aquele cometa que brinca lá na imensidão. É voltar a ser criança, saltar cambalhota, rolar na grama, escrever nomes das pessoas queridas na neblina da vidraça, jogar futebol na rua com aquela bola surrada e costurada, sujar os dedos no bolo que sua mãe fazia, achando que podia enganá-la. Recordar a alegria que invadiu seu coração quando alguém chegou para dividir com você o medo daquela noite chuvosa, cortada por relâmpagos e trovões. Lembrar seu primeiro choro ao abrir os olhos para este mundo, da primeira vez que você viu o mar e do Papai Noel que você jurava existir (e ele existia sim, dentro de você).

É ver água dançando na cachoeira, o balé dos peixes na piracema. É plantar uma semente, vê-la germinar, crescer, dar flores, frutos e sombra. É apreciar o zigue-zague da serpente que foge assustada, é cuidar do ninho recém-tirado com filhotes de bico enorme esperando o alimento da ave mãe e pai, é ter a natureza como porto seguro e fazer algo para amenizar sua angústia gerada pela destruição do meio ambiente. É lembrar de uma pessoa querida quando ouvimos uma música, vemos um filme, lemos um livro, comemos um doce. É ouvir aquela canção que te lembra momentos alegres e principalmente das horas tristes, nas quais você aprendeu que somente a dor purifica.

É abrir o coração para as pessoas, sem perguntar quem elas são, o que fazem e quanto ganham.

É ser uma antena captando bons fluidos e reparti-los com aqueles que estão do seu lado. É entender a razão daqueles que se perderam ao longo do caminho e mostrar-lhes a direção, acendendo "outro fósforo, outra luz, outra vida, outra cor". É saber e respeitar os seus próprios limites, sem querer ser super-homem, porque "não sois máquinas, homens é que sois". É descobrir "tantas violetas velhas sem um colibri" e "que o solo é de fertilidade no jardim dos animais em jejum".

Pois é, e você aí? O que achou do passeio por estas palavras? Percebeu que qualidade de vida é algo bem mais simples do que a maioria das pessoas imaginam ou tentam conceituar? Está tão perto de nós que, às vezes, nem conseguimos perceber. Ou será que preferimos ignorar? Talvez seja mais conveniente ao modelo social e às regras que ditam padrões de comportamento. Saiba hoje e sempre que você é um ser único, que o universo te pertence e que o Criador te fez à sua imagem e semelhança. Você é soberanamente especial "na parte que te cabe deste latifúndio". 

Agora "deixe a porta aberta quando for saindo" e leve estas palavras 
no teu coração. Feito isso, já me darei por satisfeito.

Amém!


Autoria: Chico Lúcio

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