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segunda-feira, 4 de abril de 2011

O velho Serapião...





Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade.
Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira-lata que atendia pelo nome de Malhado.
Serapião não pedia dinheiro.
Era conhecido como um homem bom, que perdera a razão, 
a família, os amigos e até a identidade. Dizia sempre que Deus 
lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que Deus determinava, 
alguém lhe estendia uma porção de alimentos.
Tudo que ganhava, dava primeiro para o malhado, que, paciente, comia 
e ficava a esperar por mais um pouco.
Não tinha onde dormir, onde anoiteciam, lá dormiam.
Certo dia, perguntei:
- Serapião, você tem algum desejo na vida?
- Sim, respondeu ele – tenho vontade de comer um cachorro quente, 
daqueles que a Zezé vende ali na esquina.
- Só isso? Indaguei.
- É, no momento é só isso que eu desejo.
Saí e comprei um cachorro quente para o mendigo. 
Voltei e lhe entreguei.
Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e em seguida 
tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o pão com os temperos.
Não entendi aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha 
o melhor pedaço, não contive e perguntei intrigado:
- Por que você deu para o Malhado, logo a salsicha?
Ele com a boca cheia respondeu:
- Para o melhor amigo, o melhor pedaço!
E continuou comendo, alegre e satisfeito.
Despedi-me do Serapião, passei a mão na cabeça do Malhado e sai pensando. 
Aprendi como é bom ter amigos. Pessoas em que possamos confiar. 
Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação 
de ser reconhecido como tal.
Jamais esquecerei a sabedoria daquele eremita:
“PARA O MELHOR AMIGO O MELHOR PEDAÇO”
“As pessoas são pesadas demais para serem levadas nos ombros. 
Leve-as no coração.”

(A.D.)

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