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sábado, 2 de abril de 2011

Mulher madura...

 
 
 
 
A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva
de um tronco, inteira.

Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.

A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação
que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia.

Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no
gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a subtileza de
um oboé sobre a campina do leito.

A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na
madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e
corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu
corpo um aprendizado da macia paina de Setembro e Abril.

O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. inscrições
se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência
uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa
suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.

Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que
perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais
que nunca pronta para quem a souber amar.


Autoria: Affonso Romano de Sant'Anna

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