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sexta-feira, 1 de junho de 2012

O "eu" e os "problemas"...



"Como ficamos ansiosos para encontrar uma resposta para os nossos problemas!
Somos tão ávidos em achar uma resposta, que não o estudamos; isso impede nossa observação silenciosa do problema.

O problema é a coisa importante, e não a resposta. Se procurarmos por uma resposta, iremos achá-la; mas o problema persistirá, pois a resposta é irrelevante ao problema.

Nossa busca é por uma fuga do problema, e a solução é um remédio superficial e portanto, não há compreensão do problema.

Todos os nossos problemas surgem de uma fonte e sem compreender a fonte, qualquer tentativa de resolvê-los irá somente conduzir a mais confusão e miséria.

A pessoa precisa, primeiro, ter muito claro que sua intenção de compreender o problema é séria, que ela vê a necessidade de estar livre de todos os problemas; pois, só assim, o fazedor de problemas pode ser abordado.

Sem estar livre dos problemas, não pode haver tranqüilidade, e a tranqüilidade é essencial para a felicidade – que não é um fim em si mesma. Assim como uma lagoa fica quieta quando a brisa para, assim também a mente fica quieta com o cessar dos problemas. Mas a mente não pode ser parada; se for, está morta, é uma lagoa estagnada. Quando isso está claro, então o fazedor de problemas pode ser observado. A observação deve ser silenciosa e não de acordo com qualquer plano pré-determinado baseado no prazer ou na dor.

“Mas você está pedindo o impossível! Nossa educação treina a mente a distinguir, a comparar, julgar e a escolher, e é muito difícil não condenar ou justificar o que é observado. Como alguém pode ficar livre desse condicionamento e observar silenciosamente?”

Se você vê que a observação silenciosa, a atenção passiva é essencial para a compreensão, então a verdade da sua percepção liberta você do background. É só quando você não vê a necessidade imediata da atenção passiva – e ainda assim alerta – que surge o “como”, a busca por um procedimento para dissolver o background.

É a verdade que liberta, não os meios que você usa, ou o sistema.
A verdade que a observação silenciosa sozinha traz compreensão precisa ser vista; só assim você está livre da condenação e da justificação. Quando você vê o perigo, você não pergunta como você vai se afastar dele. É porque você não vê a necessidade de estar passivamente alerta que você pergunta “como”. Por que você não vê a necessidade disso?

“Eu quero ver, mas eu nunca tinha pensado desta forma antes. Tudo o que posso dizer é que eu quero me livrar dos meus problemas, porque eles são uma real tortura para mim. Eu quero ser feliz, como qualquer outra pessoa.”

Consciente ou inconscientemente nós nos recusamos a ver como é essencial estarmos passivamente atentos, alertas, porque não queremos realmente largar nossos problemas; pois o que seríamos sem eles?


Preferiríamos nos agarrar em alguma coisa que conhecemos, embora dolorosa, do que arriscar a perseguir alguma coisa que possa nos levar não se sabe aonde. Com os problemas, pelo menos, estamos familiarizados; mas pensar em ir atrás do causador deles, sem saber aonde isso pode levar, cria em nós medo e entorpecimento.

A mente ficaria perdida sem a preocupação com os problemas; ela se alimenta de problemas, sejam eles problemas mundanos, ou problemas da cozinha, políticos ou pessoais, religiosos ou ideológicos; então nossos problemas fazem de nós pessoas mesquinhas e limitadas.

A mente que é consumida com problemas mundanos é tão mesquinha quanto a mente que se preocupa com o progresso espiritual que está fazendo.

Problemas sobrecarregam a mente com medo, pois os problemas dão força para o ego, para o “eu” e o “meu”. Sem problemas, sem realizações e falhas, o "eu" não existe."

                                                               Autoria: J. Krishnamurti

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