Encontrei hoje em ruas, separadamente,
dois amigos meus que se haviam zangado.
Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado.
Cada um me disse a verdade.
Cada um me contou as suas razões.
Ambos tinham razão.
Ambos tinham toda a razão.
Não era que um via uma coisa e outro outra,
Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado.
Cada um me disse a verdade.
Cada um me contou as suas razões.
Ambos tinham razão.
Ambos tinham toda a razão.
Não era que um via uma coisa e outro outra,
ou um via um lado das coisas e outro um lado diferente.
Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado,
cada um as via com um critério idêntico ao do outro.
Mas cada um via uma coisa diferente,
e cada um portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.
Autoria: Fernando Pessoa
Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado,
cada um as via com um critério idêntico ao do outro.
Mas cada um via uma coisa diferente,
e cada um portanto, tinha razão.
Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.
Autoria: Fernando Pessoa
Nenhum comentário:
Postar um comentário